Chame o Jorge

Dei um off na TV e senti dupla alegria.
Primeiro, porque consegui desligar a máquina antes que ela me desligue.
Segundo, porque assisti à entreviste de Jorge Wilheim no Roda Viva. Quem perdeu, pode procurá-la no site da TV Cultura. Vale a pena.
É um banho de sabedoria e bom senso. Ele reafirmou, por exemplo, que as grandes cidades não vivem sem metrô. Os piores prefeitos que São Paulo teve nas últimas décadas foram os que abandonaram o metrô por obras eleitoreiras. Em consequência da demagogia de gente como o Maluf, São Paulo tem só 60 quilômetros de metrô. A Cidade do México, que começou o dela no mesmo ano de 1968, ostenta uma rede de 200 quilômetros.
Mais adiante Wilheim defendeu que as calçadas são obrigação da Prefeitura. A ideia de que o proprietário é responsável pela calçada que passa em frente de sua casa pertence à pré-história. Ao tempo da lama no sapato. Calçada é um corredor de transporte. Como a ciclovia. Como a pista do expresso. Como os canais de Veneza (se Curitiba tivesse alguns, a prefeitura tinha que dragar os canais).
Há gente feliz cujo escritório está a menos de dois quilômetros de casa. Mas só vai chegar bem, sem sofrer quedas, nem torcer o pé, se a calçada for plana, uniforme, estável, não escorregadia. Isso é, se a prefeitura contratar a construção de grandes extensões de calçada ao mesmo tempo em que contrata a pavimentação da rua. Se necessário, cobrará o custo do proprietário, através do IPTU. A calçada lisa e segura valorizou o imóvel dele.
Wilheim, que deu bela contribuição ao plano diretor de Curitiba, defende fiação enterrada. Organizadamente. Isso significa a construção de dutos subterrâneos, para levar energia, gás, água, esgoto, fibra ótica. Quem paga o duto? O município e também as concessionárias de telefone, TV a cabo, energia, água e esgoto.
Tudo isso exige, entretanto, um investimento inicial. A Prefeitura tem que ter caixa para bancar as obras. E não é ilhado em seu gabinete ou visitando a Câmara para reclamar das dívidas do antecessor que o Gustavo Fruet vai arranjar dinheiro.
Seus eleitores esperam que ele corra a Brasília e cobre do governo federal o apoio prometido. O dinheiro virá. Basta falar claro: Presidenta, preciso começar o trabalho agora. Ou não dá tempo. Se a Prefeitura funcionar serei, daqui a dois anos, o grande cabo eleitoral da Gleise Hoffman. Se eu ficar sem dinheiro federal, o PT vai levar mais uma surra no Paraná.
Está aceitando sugestões, Gustavo? Chame o Jorge Wilheim para ajudar. Ele conhece a cidade, é amigo de seu aliado Jaime Lerner, tem um poder de convencimento fantástico para dialogar com os políticos, com o mercado imobiliário, e principalmente com os investidores internacionais que sonham com um lugar bem administrado, como Curitiba já foi.
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