Um lindo sábado de sol – e Bia vai casar

Bia ganhou o sábado, que ia passar enfiada no Hotel Slaviero.
Foi para a rua, subiu no banco de praça, ficou altíssima – e melhorou a sessão de fotografias que estava devagar. Ainda por cima ganhou um baita elogio da prima assistente.
-Você está muito linda, Bia.
Uma senhora passava e confirmou:
-Muito linda mesmo. Felicidades eternas para vocês.
Eternas como no soneto 116 de Shakespeare.
Let me not to the marriage of true minds
Admit impediments: love is not love
Which alters when it alteration finds,
Or bends with the remover to remove.
O, no! it is an ever fixed mark
That looks on tempests and is never shaken;
It is the star to every wandering bark,
Whose worth’s unknown, although his height be taken.
Love’s not Times’s fool, though rosy lips and cheeks
Within his bending sickle’s compass come;
Love alters not with his brief hours and weeks,
Bet bears it out even to the edge of doom.
If this be error and upon me proved,
I never writ, nor no man ever loved.
Ou, na tradução de Jorge Wanderley:
Ao casamento de almas verdadeiras
Não haja oposição. Não é amor
O que muda à mudança mais ligeira
Ou, desertando, cede ao desertor.
Oh, não, que o amor é marca muito firme
E nem a tempestade o desbarata;
É estrela para a nau, que o rumo afirme,
Valor ignoto – mas na altura, exata.
Não é do Tempo mera extravagância,
Amor, embora a foice roube o riso
À face e ao lábio rosa; na constância,
Resiste até o Dia do Juízo.
Se há erro nisto e assim me for provado,
Nunca escrevi, ninguém terá amado.
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