Como vai ser no segundo turno: “Senhor Prefeito”, “Prefeito” ou “meu amigo Luciano”?
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Jamais pergunte o que seu adversário sabe.
O povo quer saber o que ele não sabe.
(Conselho a Cassio Taniguchi no famoso debate
com Angelo Vanhoni – aquele do Procel)

No New York Times, Michael D. Shear discute a melhor maneira de tratar o oponente durante um debate. Isso é bom. Raros políticos sabem lidar com o cara a cara.
Mas também é ruim: o eleitor tem direito a um pouco de espontaneidade.
A primeira recomendação é treinar. Neste fim de semana, Obama e Romney devem estar com seus coaches. Decidem uma questão pode valer muitos votos no debate de quarta-feira: como tratar o outro?
Será “Senhor Presidente” ou “o presidente” o modo como Romney vai se referir ao adversário ao lado? E Obama falará das políticas de quem: do “governador” do “meu oponente”?
Haverá momentos informais em que eles serão “Mitt” e “Barack”?
Milhões de pessoas assistirão aos dois homem discutindo o melhor para o país. É uma das poucas oportunidades de interação durante a campanha. Uma das coisas que o eleitor leva em consideração é essa – o respeito que dedicam ao rival.
Um dos treinadores do candidato republicano, Brett O’Donnell, explica, baseado em pesquisas, que o público espera um certo decoro dos candidatos. “O decoro começa como a forma de tratar o outro”.
O publico vai observar ainda o sorriso, o aperto de mão do início. É uma demonstração de civilidade, respeito e até amizade entre os candidatos. Não custa lembrar que quase sempre eles estiveram alinhados em algum momento da carreira política. Como na hora de declarar guerra ao Iraque ou à Al Qaeda.
Aqui, ficou celebre o debate de 2006 entre Requião e Osmar Dias na Band, com a presença de plateia. Bem próximos, sentados em banquetas, os dois chegaram a trocar olhares irritados, mas o respeito predominou.
Osmar tinha sido secretário de Agricultura de Requião e estava clara a intimidade entre eles. Durante boa parte do debate eles foram “Osmar” e “Requião”. E tudo terminou bem.
Na hipótese de termos Gustavo Fruet e Ducci no segundo turno, também será um debate entre ex-companheiros. Raphael Greca também andou ao lado de Ducci e Fruet. Ou o contrário.
O único que não fez parte desse grupo de políticos é Ratinho Junior, o mais novo na política. Isso é uma vantagem de um lado – é difícil atacar alguém com biografia enxuta. E desvantagem de outro lado, porque experiência é um bom motivo para o eleitor escolher um prefeito.
O fato de três dos quatro principais candidatos terem o mesmo DNA político ajuda a entender o Paraná e o momento eleitoral. As biografias paralelas levaram muito eleitor a procurar a “novidade”.
Será um salto no escuro? Fernando Collor também era “novidade” em 1989. Os debates do segundo turno ajudarão – mas não muito – a responder essa dúvida.
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