Voltamos ao normal
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O que é normal?
Não sei. Mas consigo definir o contrário do normal.
Vivemos um tempo aberrante, bizarro, estranho?
Aparentemente não. As pessoas saem às compras, pedalam no parque, compartilham baseados, beijam na boca, curtem o pôr do sol.
Observo tudo isso em 50 minutos de caminhada cautelosa pelo Bosque do Papa, com uma rápida passada nos fundos do MON.
O mundo é testemunha de que dezenas de milhares de pessoas foram para as praças e avenidas de 157 grandes cidades pedir impeachment do cara. Mesmo com chuva e frio.
Quando vi o pessoal de Florianópolis com faixas e bandeiras, apesar da chuvarada de 140 milímetros, do frio e do vento leste. terminei de me convencer.
Pronto. Normalizou.
É natural que isso aconteça. A turma cansou de esperar o anúncio oficial do fim da pandemia, a informação de que 75% dos brasileiros estão vacinados com duas doses e que hospitais vazios aguardam clientes para procedimentos eletivos.
O dermatologia chama porque agora tem tempo para tirar aquele cisto sebáceo.
A personal trainer avisa que voltou a dar aula presencial.
O lider da turma da feijoada quer saber se você está disponível no sábado que vem.
É, gente, a normalidade voltou.
Apesar dos números assombrosos de vítimas do vírus e do Jair, apesar dos hospitais lotados, decidiu-se que voltamos à normalidade.
Todo mundo foi às compras no Dia dos Namorados. Quase todos passaram para tomar uma no Largo da Ordem.
Mas, e os números?
Os números – como disse uma vez o Parreira – os números são apenas um detalhe.
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