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O humor inglês não perdoa ninguém. Nem Margareth Thatcher

 

Está no The Guardian:

margareth Uma poderosa legenda liberal

 

 

Margareth Thatcher, a figura pública mais amada e a mais odiada pelos ingleses, morreu aos 87 anos, no momento em que o governo conservador de James Cameron enterra mais um pedaço do antigo Estado do Bem-Estar Social.

 

Ela foi o maior nome da política britânica desde Winston Churchill. Merece as maiores homenagens.

 

 

Privatizar o funeral da baronesa Margareth Thatcher (que será patrocinado pelo governo e tão pomposo como o de Lady Di) seria o tributo perfeito à sua memória.

 

Quem diz isso, em artigo do Guardian, é Sunny Hundal, o editor do blog político Liberal Conspiracy, que publica notícias, opiniões e faz campanhas defendendo os pontos de vista da esquerda.

 

No artigo, ele lembra famosa piada de Ronald Reagan, o grande aliado neoliberal de Thatcher.

 

Segundo Reagan, as dez palavras mais perigosas da lingua inglesa são:  “Hi, I’m from the government, and I’m here to help.” (Olá, sou do governo e vim ajudar você.)

 

Margareth Thatcher e Ronald Reagan queriam que a empresa privada fosse responsável por cada atividade do nosso dia-a-dia. Então, por que não estender à vida pública todas as experiências da vida privada, incluindo o funeral?

 

Posted on 9th abril 2013 in Sem categoria  •  No comments yet
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E agora, E-Paraná?

eparana Uma TV sem audiência e sem missão

 

A saida do Paulo Vítola da Radio e TV Educativa, a E-Paraná, não foi novidade para seus amigos.  Surpresa seria ele ficar lá como uma espécie de disc jockey do governador, atendendo a pedidos da base política.

Bom que o Paulo saiu a tempo. Antes de manchar a biografia. De trair a própria inteligência.

Dolores Ibarruri, La Passionária, em 1936, naquele famoso discurso de Valência, durante a Guerra Civil, disse que é “mejor morir a pie que vivir em rodillas”. Foi um ensinamento específico para um momento histórico da humanidade. Mas gerou um produto genérico que é útil no tratamento de situações como a atual, cujo conteúdo revolucionário não está tão escancarado.

Creio que todos concordamos num ponto: a Educativa, mantido o atual arranjo institucional, está condenada ao permanente fracasso. Vai refletir sempre – e ainda mais em períodos eleitorais – os interesses pequenos dos políticos.

Ficará cada vez mais desinteressante e desacreditada.

Com o advento da Internet e das redes sociais, uma TV estatal tornou-se uma coisa meio stalinista, um anacronismo sem sentido. Se alguém duvida disso, deve dar uma olhada nos números do Ibope e do Google Analitics. Descobrirá que a E-Paraná perde feio em audiência para o Facebook e o Twitter. Uma pesquisa bem feita (isto é, não encomendada) mostrará que ela não forma opinião pública. Um marqueteiro competente sabe que ela não gera buzz. Um jornalista depressa reconhece que, fulanizada, sem apego ao fato, ela não faz jornalismo.

Que destino dar a esse apêndice da Secretaria de Comunicação do Governo do Paraná? A solução obvia é fazer com que a TV deixe de ser estatal e se torne pública. Deixe de divulgar releases e passe a transmitir atividades culturais ou educativas. Essa era a idéia de Aluizio Finzeto, quando criou a Radio Estadual do Paraná.

Se o governo acreditar nela deixa de jogar dinheiro fora e vai fazer História.

O passo seguinte é convocar um grupo de trabalho de professores, intelectuais e juristas para redigir o projeto de lei criando a Fundação E-Paraná.  Modelos não faltam: a British Broadcasting Corporation, a PBS norte-americana, a CBC canadense. As TVs públicas existem no mundo inteiro e em toda parte são pilares da sociedade livre.

O que pode acontecer em seguida:

A Assembléia Legislativa discutirá e, se Deus quiser, aprovará sem penduricalhos a criação de um sistema de comunicação de propriedade dos paranaenses e sob o controle deles.

O sistema de comunicação, formado por emissoras de rádio e TV e por serviços de Internet, usará as rádio frequências de propriedade do Estado para fornecer serviços públicos essenciais à manutenção e valorização da identidade estadual e das manifestações culturais aqui geradas.

Deve também encorajar o desenvolvimento de novas formas de expressão paranaense, através de programas que reflitam atitudes, opiniões, idéias, valores, manifestações artísticas que identifiquem e integrem os três Paranás – o tradicional, o do Oeste e o do Norte.

Outro compromisso será transmitir programas jornalísticos identificados com os princípios da liberdade de imprensa, com autonomia e independência.

A Fundação E-Paraná terá orçamento próprio, votado anualmente pelo Conselho Administrativo, do qual participarão minoritariamente representantes do Governo estadual, ao lado da Universidade, das empresas privadas, das organizações da sociedade civil.

Ninguém vive sem dinheiro. A Fundação terá recursos dos governos estadual, federal e municipal, e também de empresas privadas e em suas entidades de representação. Poderá, também, criar outras fontes de dinheiro através doações e da execução de projetos paranaenses ligados à história, à geografia, às artes e às outras ciências.

Não é simples mas é factível. Basta coragem. A tecnologia matou formas antigas de governar. A TV pública que pode nascer desse projeto vai estar comprometida com a transparência na tomada de decisões e, principalmente, das fontes de financiamento de seus programas.

A Fundação E-Paraná é uma força da liberdade, da livre expressão, que estava por ai, no ar, aguardando seu momento.

 

 

 

 

Posted on 7th abril 2013 in Sem categoria  •  No comments yet
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Onde estudam os filhos do Mantega? Aqui não é

 

 

“Ignora-se completamente de que planeta vieram as estatísticas segundo as quais um filho cursando o ensino particular, superior ou não, custa somente R$ 3.091,35, ou R$ 257,61 mensais!”

A observação está no artigo de José Alexandre Saraiva, publicado hoje, na Gazeta do Povo.

É a democracia que faz isso?

As velhas sociedades dividiam-se em fieis X infiéis, nativos X forasteiros, capitalistas X trabalhadores. No estado capitalista contemporâneo (talvez seja melhor colocar esse “contemporâneo” entre aspas) isso mudou. Agora que as ditaduras cairam e os parlamentos ganharam força, a luta é entre os cidadãos sub-representados e os super-representados.

“Isso é democracia!” – proclamou outro dia o pastor Feliciano, ao mandar prender um manifestante na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Apesar de representar uma pequena parcela dos brasileiros, onde a maioria é de pardos e negros, o pastor garante que os negros são amaldiçoados por Deus – mas vai se segurando na presidência daquela comissão parlamentar.

Os partidos que compartilham a base parlamentar do governo Dilma não representam corretamente a sociedade brasileira. A eleição proporcional gera distorções, que são ampliadas pela ação do poder econômico.

E há o hiato entre a Constituição que o parlamento aprovou e as decisões do estamento burocrático que administra o Estado brasileiro.

O ministro Guido Mantega envia os filhos para a escola pública? Caso contrário, por que concorda com a conta dos tecnoburocratas da Receita Federal?

As famílias da classe média que mantém os filhos em escolas particulares estão no limite da capacidade de sacrifício. E, sem esse investimento não há como melhorar o Brasil.

 

 

Posted on 6th abril 2013 in Sem categoria  •  No comments yet
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Com pressa e mal feito

 

Esqueceram de perguntar ao cenógrafo de Esta Criança se o palco do Guairinha estava OK para seu trabalho.

Se perguntassem, ela mandava tirar o teto do cenário.

Com o teto, os atores não são vistos pelos espectadores do balcão.

Olhem ai como ficou a Renata Sorrah sem cabeça.

 

ator de cabeça cortada Onde estão os atores?

 

Uma pena. O espetáculo, que estreou no Rio de Janeiro e que passa agora pelo Festival de Curitiba para três sessões (uma ontem e duas hoje), venceu o Prêmio Shell carioca em quatro das cinco categorias a que foi indicado, de melhor atriz para Sorrah e de melhor direção para  Marcio Abreu.

Apesar disso, o público aplaudiu de pé, generosamente.

renata Aplaudiram em pé estilo não-vi-mas-gostei.
Posted on 2nd abril 2013 in Sem categoria  •  No comments yet
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EL SOPLÓN

osososos O exemplo dos má conduta é infeccioso.

 

Como se diz dedo-duro em espanhol?

É soplón. Eu não sabia até ler um artigo de Ezequiel Fernandez Moores, em La Nacion. Citando o deputado Adriano Diogo, do PT, que foi torturado nos anos 70, o jornalista argentino conta que José Maria Marin, presidente da Confederação Brasileira de Futebol, “fue um soplón de la ditadura. No puede ser presidente de la CBF. Tiene las manos manchadas de sangre.”

 

No mesmo artigo, citando o jornalista Juca Kfuri, Ezequiel Moores informa que Marin, quando deputado da Arena, denunciou no Congresso que havia infiltração comunista na TV Cultura, Canal 2, de São Paulo. Dezesseis dias depois de seu discurso, o jornalista Vladimir Herzog, editor da TV Cultura, foi preso e assassinado no DOI-CODI.

 

Numa longa análise dos malfeitos de dirigentes do futebol brasileiro, lembra a renúncia de Ricardo Teixeira, sob o peso de denuncias de corrupção. Atuava junto com Joseph Blatter, a quem aspirava suceder na direção da FIFA.

Teixeira vive hoje em Boca Raton, perto de Miami, onde possui mansão com sete dormitórios, oito banheiros e 600 metros quadrados em Sunset Island. Segundo a Folha de S. Paulo, ele comprou o imóvel de Anna Kournikova por 7,4 milhões de dólares.

casa ricardo Local do doce exílio de Ricardo Teixeira nos EUA

 

 

A má conduta dos dirigentes é infecciosa.

 

Contaminou o desempenho das equipes nacionais. O Brasil caiu para 18º lugar entre as potências futebolísticas. A cartolagem fez o que sempre faz – decidiu que a culpa era do técnico Mano Menezes. Marin chamou Luiz Felipe Scolari, que acumulou dois empates e uma derrota em três amistosos internacionais, candidatando-se a ser o próximo culpado.

 

Se a seleção fosse uma sociedade anônima com ações na Bolsa de Valores derrubava o Ibovespa. Como não tem ações, derrubou a cobertura do Engenhão, estádio inaugurado há sete anos para o Panamericano e já interditado.

 

Ricardo Boechat, âncora da BandNewsFM, criticou a ausência de responsabilização das empreiteiras Delta, OAS e Odebrecht. E pediu para incluir na lista dos culpados o ex-prefeito Cesar Maia, que recebeu a obra como boa.

 

Em Curitiba, arrasta-se a Arena do Atlético, agora com novo aditivo de 30 milhões. O jornalista Airton Cordeiro é um dos que reclama da falta de transparência do negócio, que envolvedinheiro do Estado e do Município de Curitiba. Dinheiro do contribuinte em um estádio particular.

 

Vou fazer um vaticínio: um dia ouviremos que o Ministério Público está investigando o negócio. Tudo começou em 2012, quando o diretor jurídico do Atlético, advogado Cid Campelo, denunciou situações chamadas por ele de “imorais” no processo de reforma no estádio para a Copa do Mundo de 2014.

 

Por que não investigou antes? Porque, meu caro, ninguém aqui quer ser chamado de soplón.

Posted on 29th março 2013 in Sem categoria  •  No comments yet
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Madrugada do bafo

 

se bebeu nao dirija Quase meia-noite na Vicente Machado. Você deu azar, cara. Os homens estavam lá.

 

Tente não beber.

Se beber, não dirija.

Se dirigir depois de uns goles, reze para não encontrar com esses caras.

A barreira do bafômetro tem de tudo – polícia militar, civil, guarda municipal. Arma na mão.

Posted on 23rd março 2013 in Sem categoria  •  No comments yet
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Um ensaio de coabitação

 

 

Papas, fraternos.

 

Neste sábado, o novo papa foi a Castel Gandolfo almoçar com o papa emérito. Virou a matéria de capa do New York Times.

Nem o cardápio foi revelado.

Mas um porta-voz do Vaticano contou que, na hora da oração, Bento XVI ofereceu a Francisco o lugar de honra. Ele não aceitou e sugeriu que ajoelhassem lado a lado, como irmãos.

A imprensa italiana especula como a história vai evoluir. Principalmente depois que Ratzinger voltar para o Vaticano, onde novos aposentos são preparados para ele.

Na Repubblica, a quase certeza de que os dois não ficaram o tempo todo rezando. O Vatileaks estão ai e o Papa Francisco tem intenção de tratar das denúncias o mais cedo possível. O principal jornal italiano está convencido de que no centro do colóquio estavam as conclusões do inquérito interno sobre corrupção no banco do Vaticano, redes de prostituição e pedofilia.

No Brasil, por enquanto, o sentimento é de que vai dar certo. Tai a dupla Lula e Dilma para mostrar que a convivência é possível.

dldldld A legenda da Repubblica mostra “i due papi”.
Posted on 23rd março 2013 in Sem categoria  •  No comments yet
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Pague impostos direito, Amazon

FrancisandKay
Frances and Keith Smith, autores da petição, são donos de pequena livraria de rua, em Coventry, Inglaterra

 

Change.org  registrou 100 mil assinaturas numa petição para que Amazon pague impostos sobre suas vendas na Inglaterra.

Pelas contas dos autores da petição, a megalivraria virtual sonega cerca de cem milhões de libras esterlinas por ano, porque está registrada como empresa de Luxemburgo.

Ninguém fez as mesmas contas no Brasil.

Ainda.

Posted on 22nd março 2013 in Sem categoria  •  No comments yet
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Soneto 18 – De qual tradução você gosta mais?

O Soneto 18 é considerado o mais famoso entre todos os sonetos de Shakespeare. Talvez seja o mais famoso poema lírico da língua inglesa. Entre tudo que o Bardo escreveu provavelmente esses versos só perdem em popularidade para o “to be or not to be, that is the question”.

Entre os brasileiros que se arriscaram na tradução do Soneto 18 inclui-se Geraldo Carneiro, que publicou no ano passado “O Discurso do Amor Rasgado”, (Editora Nova Fronteira) com poemas, cenas e fragmentos da obra de Shakespeare. Ai vai, também, para comparação, a tradução de Jorge Wanderley (Editora Civilização Brasileira, 1990).

gcarneiro Geraldo Carneiro

jwanderley
Jorge Wanderley

 

Shall I compare thee to a summer’s day?
Thou art more lovely and more temperate:
Rough winds do shake the darling buds of May,
And summer’s lease hath all too short a date:
Sometime too hot the eye of heaven shines,
And often is his gold complexion dimm’d;
And every fair from fair sometime declines,
By chance or nature’s changing course untrimm’d;
But thy eternal summer shall not fade
Nor lose possession of that fair thou owest;
Nor shall Death brag thou wander’st in his shade,
When in eternal lines to time thou growest:
So long as men can breathe or eyes can see,
So long lives this, and this gives life to thee.

 

(tradução de Geraldo Carneiro)

 

Te comparar com um dia de verão?

Tu és mais temperada e adorável.

Vento balança em maio a flor-botão

E o império do verão não e durável.

O sol às vezes brilha com rigor,

Ou sua tez dourada é mais escura;

Toda beleza enfim perde o esplendor,

Por acaso ou descaso da Natura;

Mas teu verão nunca se apagará,

Perdendo a posse da beleza tua,

Nem a morte rirá por te ofuscar,

Se em versos imortais te perpetuas.

Enquanto alguém respire e veja e viva,

Viva este poema, e nele sobrevivas.

 

Geraldo Carneiro nasceu em Belo Horizonte, em 11 de junho de 1952. É poeta, letrista e roteirista. Mora no Rio de Janeiro desde 1955, quando seu pai Geraldo Andrade Carneiro para lá se transferiu, por ser secretário do presidente Juscelino Kubitschek.

Geraldo Carneiro ficou conhecido como compositor desde o final dos anos 60, por suas parcerias com Eduardo Souto Neto, dentre as quais a canção Choro de Nada, gravada por Vinicius de Moraes e Toquinho, em 1975, e por Antonio Carlos Jobim e Miúcha, em 1978.

 

(tradução de Jorge Wanderley)

 

Comparar-te com um dia de verão?

Tens mais doçura e mais amenidade:

Flores de maio, ao vento rude vão

Como o estio se vai, com brevidade:

O sol às vezes em calor se exalta

Ou tem a essência de ouro sem firmeza

E o que é formoso, à formosura falta,

Por sorte ou por mudar-se a natureza.

Mas teu verõ eterno brilha a ver-te

Guardando o belo que em ti permanece.

Nem a morte rirá de ensombrecer-te,

Quando em verso imortal, no tempo cresces.

Enquanto o homem respire, o olhar aqueça,

Viva o meu verso e vida te ofereça.

 

O pernambucano Jorge Wanderley (1938-1999) nasceu no Recife, onde se formou em medicina, que exerceu durante largo período, e também em letras. Em 1976, atraído pelo assunto que o encantava, transferiu-se para o Rio de Janeiro e concluiu o mestrado e o doutorado em letras. Lecionou literatura na UERJ até sua morte.

Quem quiser saber mais pode dar uma olhada no site de análises da obra do Bardo

Posted on 19th março 2013 in Sem categoria  •  No comments yet